Ao sabor da alocação
- Dayse Santos

- 1 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de ago.

Ontem vivi uma experiência muito interessante! Tive a oportunidade de almoçar no Arturito, em São Paulo. Se você é uma pessoa mais antenada, certamente sabe que se trata do restaurante com menu assinado pela chef Paola Carosella, muito conhecida por suas participações no programa MasterChef.

Pedimos o menu da quinta-feira, com a única diferença de que substituí a massa sugerida pelo bife ancho. Durante o almoço, comentei com minhas colegas como é incrível a capacidade que um verdadeiro chef tem de harmonizar os ingredientes em um prato que, à primeira vista, pode parecer extremamente simples. Simples... O que é simplicidade?
Hoje peguei um Uber saindo do hotel e, ao olhar pela janela para as ruas de SP, me lembrei de Leonardo Da Vinci. Uma das mais célebres frases atribuídas a ele é:
“A simplicidade é o mais alto grau de sofisticação.”
Na terça-feira, comentei algo com nosso head de investimentos da Portfel, João Sales: uma das dificuldades que enfrentamos com os clientes é fazê-los entender que, quando se trata de investimentos, muitas vezes, o melhor a se fazer é nada. Ou, no máximo, muito pouco. Isso, é claro, depois que uma excelente estratégia já está estabelecida.
Eu entendo. Temos a tendência de acreditar que, para ter resultados, precisamos estar “fazendo algo”. Vide Marta e Maria, no Evangelho de Lucas (10:38-42). Essa passagem nos mostra que, em algumas situações, o que precisamos é saber o que deve ser feito e simplesmente prestar atenção. Não nos deixarmos consumir pelo “fazer”.
Paola Carosella, Evangelho de Lucas... Nossa! Hoje eu viajei. Calma! Eu tenho um ponto. Quando comecei a investir, eu estava como Marta: correndo de um lado para o outro, achando que fazer mais coisas me aproximaria dos meus objetivos. Minha carteira não era nada simples! Dezenas de ativos... Como todo investidor iniciante, achei que fazer gestão ativa era o caminho para alcançar meus objetivos. Eu estava errada!
Não cabe aqui fazer uma dissertação sobre o SPIVA Scorecard, os riscos da gestão ativa e adicionar gráficos. Vou me limitar a recomendar que leia O Investidor de Bom Senso, de John Bogle. O que pretendo mesmo é fazer uma analogia que talvez seja mais palatável — sim, com trocadilho mesmo.
Certamente você já foi a uma praça de alimentação no shopping. Provavelmente já comeu em um self-service. A praça de alimentação é uma loucura. Primeiro, sua mente já fica cansada diante de tantas possibilidades. Segundo, os atendentes ficam jogando cardápios na sua cara de forma, algumas vezes, hostil. Terceiro, dependendo do horário, nem lugar pra sentar tem. Quarto, é um barulho terrível. Você vai naquele self-service, pede aquela fast-food. Come! Enche a barriga. Estimula suas papilas. Problema resolvido. Ah! Depois sai andando em busca de uma sobremesa ou de um café.
Mas e um restaurante com menu assinado por um chef?
Algo que me chamou a atenção é que você consegue perceber que há uma inteligência por trás das combinações. Nada é aleatoriamente jogado no prato. Você chega, alguém te recebe na porta de maneira cortês. Você senta e se depara com relativo silêncio. Depois de escolher o menu — entrada, prato principal e sobremesa —, pronto! Basta esperar que os pratos sejam trazidos na ordem correta. Aguarde e seja feliz.

Investir é coisa séria! Motivo pelo qual tendemos a acreditar que uma carteira mais simples não vai funcionar. Mas acredite: ter uma carteira montada com base em dados e ciência é como ir a um restaurante com menu assinado. Há lógica em cada combinação. Não é um self-service de produtos jogados em uma bandeja... opa, carteira.
Permita-se à sofisticação, permita-se à simplicidade. Os resultados são incríveis!
Dayse Santos
Especialista em investimentos ANBIMA
Consultora na Portfel Consultoria - Grupo PRIMO




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